Dança e Acrobacia

        "Sobre Amores...e Riscos" é um espetáculo de dança contemporânea criado no interior do projeto de pesquisa e extensão "Arriscado": um diálogo entre dança e acrobacia – DAC/EEFD/UFRJ. Aborda as relações amorosas, trazendo para a cena os diversos tipos relações, sejam as relações recíprocas, as duradouras, as interrompidas pela dominação e poder, bem como as separações em diversas nuances. Busca-se dar poesia aos riscos estabelecidos nos contatos e apoios traçados ao longo dos encontros e desencontros que constroem nós nos corpos dos intérpretes. O risco se torna neste projeto uma importante ferramenta para a criação. Nos jogos coreográficos os intérpretes buscam se desafiar corporalmente em formas e movimentos acrobáticos; as organizações em cena se refazem todo o tempo em diferentes arranjos, assim como acontece nas relações que vivemos cotidianamente. A cena coreográfica aborda movimentações que exploram ações como ajudar, ceder, apoiar, anular, empurrar, abandonar, pressionar, retirar, dentre outras, por meio de formas que se complementam conforme outro corpo ou estímulo atravessa essa relação. Buscamos falar da travessia necessária para a libertação de algo que, muitas vezes, nem se percebe nos prender, ainda que não haja nenhuma amarra aparente. O tema se torna atual quando abordamos um assunto que na contemporaneidade se torna tão presente e importante para ser discutido. Bauman (2004) já apontava que o amor se tornara líquido, abordando as fragilidades das relações. Nesta performance vemos a chance de colocar em jogo o nosso olhar sobre esse assunto a fim de chamarmos a atenção para o cuidado e olhar sensível que deveríamos ter sobre as relações afetivas, amorosas. As bases que fundamentaram os laboratórios foram poesias, crônicas e letras de músicas sobre o tema. O estudo dos movimentos se deu a partir do parâmetro Dinâmica, inserido na Teoria Fundamentos da Dança, de Helenita Sá Earp. O parâmetro Dinâmica diz respeito à energia corporal, responsável pelas variações de movimentações. As nuances dadas nesta cena fazem parte de uma pesquisa de compreensão da maneira como essa energia pode ser empregada no corpo em relação ao tema. Um dos desafios foi entrelaçar as vivências dos intérpretes criadores, ao passo que cada um experienciou o amor de maneira singular. Os laboratórios tiveram um papel fundamental nesse sentido, ao proporcionar que fôssemos atravessados pelas sensações e percepções do outro sobre o amor. O amor está lá, pronto para ser desfrutado; cabe a nós descobrir se este amor não é seguro e como, quais e quantos verbos iremos levar no nosso trajeto.